Pesquisador do IPT defende a criação de um código nacional de segurança contra incêndio

30/01/2013 10:35

A prefeitura de Santa Maria (RS) entregou à Polícia Civil nesta terça-feira (29), a documentação da boate Kiss, onde um incêndio matou mais de 230 pessoas na madrugada do último domingo (27). Os documentos devem comprovar se havia irregularidades na edificação e nos procedimentos de segurança contra incêndio. Segundo um dos sócios da boate, o alvará de plano de incêndio estava vencido desde agosto do ano passado. 
 

De acordo com relatos, o incêndio aconteceu a partir do uso de um equipamento pirotécnico por um integrante da banda que se apresentava no local. Fagulhas atingiram o forro, que era inflamável, propagando o fogo e gerando muita fumaça.  Extintores também não funcionaram. Outros fatores teriam contribuído para o agravamento do acidente, como sinalização inadequada das rotas de fuga, falta de treinamento dos funcionários para lidar com emergências, bloqueios da saída principal por seguranças da casa noturna, além da superlotação. Segundo o Corpo de Bombeiros, a capacidade do local era de pouco mais de 600 pessoas, mas cerca de mil estavam na boate na hora do acidente.

 

Wilson Dias/Agência Brasil
Interior da boate Kiss após o incêndio

O incêndio causou grande comoção pelo número de mortes registrado, porém, não é um caso incomum. No Brasil ocorrem, em média, 200 mil incêndios por ano. Somente em São Paulo são 60 mil, segundo levantamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT).  Os dados foram compilados junto aos corpos de bombeiros e à Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) e fazem parte de uma documentação que o IPT prepara para o Governo Federal denominada "Brasil Sem Chamas". Uma das propostas do documento é a criação de um código nacional de segurança contra incêndio. "Não temos um código que amarre todas as informações, seria importante homogeneizar", afirma José Carlos Tomina, pesquisador na área de segurança contra incêndio do IPT e superintendente do comitê brasileiro de segurança contra o incêndio na Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). "Os profissionais sabem as dificuldades de projetos em regiões diferentes, em função de regras distintas", exemplifica.

 

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